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Luiz Millan

Saudade entre nuvens

Jornal Estado de Minas
Por Kiko Ferrei

Belo Horizonte (MG), 12 de julho de 2011.

no coletivo Saudade entre nuvens

por Kiko Ferreira

Consciente da importância do trabalho em equipe para funcionamento de sua música. O compositor paulista Luiz Millan declara, no encarte de seu primeiro disco solo, Entre nuvens: “E um CD que não se conjuga na primeira pessoa”. Também, médico, como músico participou do coletivo Ponta de Rama, em 1980, colecionando parcerias desde então, sem mostrar ao público. Agora, chega a essa coleção de 14 temas, todos divididos com algum letrista ou melodista, a partir da relação musical com o pianista Mozar Terra.

Foi em janeiro de 2005, depois de um show de Mozar em Ilhabela, que Milan foi apresentado a ele como letrista de Jorge Pinheiro. Mozar fez imediatamente o convite para que ele escrevesse a letra de E o palhaço chorou, registrada no disco Caderno de composições. Passou o carnaval trabalhando na letra e, no final de fevereiro, recebeu o primeiro sinal de que a coisa começava a funcionar. Em junho do mesmo ano se encontraram para lapidar a composição e, na sequência, Mozar adoeceu. O letrista resolveu então procurar o pianista e compositor Michel Freidenson para que fosse feito um arranjo. A gravação foi feita, com avos da cantora Ana Lee, e virou um presente de Natal para Terra, que morreu no ano seguinte.

Com jeito daquelas parcerias para trilhas de Edu & Chico, a faixa abre o disco com um misto de alegria e tristeza: “Vamos cantar, vamos cantar pra alegrar meu coração que hoje chorou/(…) Não há mais o que eu possa fazer para impedir que o tempo goste tanto de passar”. O mesmo tempo que traz a saudade de Mozar Terra serviu para colecionar os amigos e parceiros que transformaram o disco numa saudável e inspirada reunido de talentos.

De compositores como Plinio Cutait. Jorge Pinheiro e o poeta Ivan Miziara a instrumentistas do nível de Léa Freire (flautas) Toninho Ferragutti (acordeom) e Teco Cardoso (fautas). o grupo, que trabalha com arranjos do mesmo Michel Freidenson do começo da história, passeia com fluência por canções valsa choro baião, bossa e samba com resultado coeso de colorido, com as vozes de Ana Lee e Consiglia de la Torre merecendo citação e destaque. Um trabalho sofisticado, sem concessões ao vulgar, mas de beleza fácil de admirar.

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